De Tarde Naquele «pic-nic» de burguesas, Houve uma coisa simplesmente bela, E que, sem ter história nem grandezas, Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico, Foste colher, sem imposturas tolas, A um granzoal azul de grão-de-bico Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos, Nós acampámos, inda o sol se via; E houve talhadas de melão, damascos, E pão de ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda Dos teus dois seios como duas rolas, Era o supremo encanto da merenda O ramalhete rubro das papoulas.
Cesário Verde
terça-feira, setembro 07, 2010
quinta-feira, setembro 02, 2010
Receita para fazer um herói
Tome-se um homem, feito de nada, como nós, E em tamanho natural, Embeba-se-lhe a carne, Lentamente, Duma certeza aguda, irracional, Intensa como o ódio ou como a fome. Depois, perto do fim, Agite-se um pendão E toque-se um clarim. Serve-se morto
REINALDO FERREIRA
quarta-feira, setembro 01, 2010
It is true that we are weak and sick and ugly and quarrelsome but if that is all we ever were, we would millenniums ago have disappeared from the face of the earth.